Petrópolis 2015 |
Medo de chuva
Ele chegou ao final da tarde, usava
um sobretudo azul escuro com cachecol e trazia uma pequena mala em suas mãos.
Era mais alto do que eu havia imaginado, um belo moço assim mesmo, mas isso não
era importante.
Aguardava ansiosamente a sua visita.
Convidei-o para entrar, insisti acredito que por três ou quatro vezes. Ele
preferiu permanecer na varanda, mas aceitou se sentar em minha companhia. A
conversa era agradável, como houvera sido todas as conversas que tivemos à
distância, anteriormente. Às vezes, eu me perdia no assunto porque olhava
contemplativa sem acreditar na sua presença, eu havia me apaixonado por sua
inteligência e elegância.
Em sua bagagem trazia muitos projetos,
expectativas, pouca mágoa, porém muita inquietação com o que não conseguia
compreender e indignação com as coisas deste mundo. O que mais pesava, no
entanto, era a saudade. Tinha também muita ciência para ser compartilhada e uma
poesia, que trazia de longe para me ofertar.
Percebi que o céu havia escurecido.
Que horas seriam? Teria o tempo passado
tão depressa? Ele apressou-se em despedir-se adivinhando a chuva que se
aproximava. Disse-me que voltaria, mas não saberia precisar quando. O motivo de sua súbita partida? Que chuva que
nada, temia que a afeição por mim só fizesse aumentar a saudade que carregava.
O tempo passou, escorreu pelo
telhado e inundou o chão, penetrou no solo, tal como a chuva. Retirei a fita do
cabelo e fechei as janelas. Já era noite em minha vida.
_ Boa noite, durma bem. Sonhe com os anjos! Espero-te amanhã e depois também!
Qual seria o método de adivinhação? Oráculos, psicografia, déjà vu.... Não sei. Só sei que vivo essa narrativa!
ResponderExcluirA autoria é minha, a obra é de quem aprecia! Fico feliz que se veja na história.
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