sábado, 3 de outubro de 2020


 Ao papai bonitinho e à mamãe filósofa,

Ontem foi o tão esperado dia da conclusão do curso de Pós-graduação em Psicopedagogia! Ufa, essa foi a mais difícil empreitada acadêmica a que me propus, comparando tudo que fiz até aqui.
Mas foi só na manhã de hoje, em um efeito colateral súbito e inesperado, que me dei conta do que aconteceu! Tamanha ousadia, enorme compromisso assumido. A partir de agora estarei oficialmente apta a tornar leve o fardo de muitas pessoas, sobretudo crianças, com dificuldades e transtornos de aprendizagem.
Sei bem como é difícil aprender. Sei o quão pesado e difícil é o fardo quando se nasce com transtorno, quando se percebe diferente dos outros, quando se caminha mais devagar que a multidão!
Quantas vezes enxerguei no olhar dos meus professores e orientadores um misto de piedade e descrença, quantas vezes ouvi que eu era “burra” ou incapaz!
Mas guardava a força da voz do papai bonitinho e da mamãe filósofa em minha alma. E como mola propulsora, essa força me fez teimosa, resiliente, perseverante.
Desisti algumas vezes, cansada. Perseverei quase sempre motivada pelas incessantes lembranças da infância: meu pai dizia que eu era muito esforçada e eu não queria decepcioná-lo; minha mãe dizia que eu deveria estudar muito para ser dona do meu próprio nariz.
Cheguei, mas não é o fim: é o início de um novo ciclo.
Palavras têm enorme poder e suas palavras me levaram mais longe que a maioria poderia imaginar. Agradeço a vocês no sentido mais profundo da palavra gratidão. Agradeço a vocês, onde vocês estiverem, papai bonitinho e mamãe filósofa, pelos laços fraternos que nos fazem mais fortes!
Por Gisele Nunes - Pedagoga e PSICOPEDAGOGA.