Minhas
filhas são adoráveis, a começar pelo amor incondicional que elas me têm, apesar
deste meu jeitinho esquecido de ser!
Perder-me
nos lugares não é dúvida: é certeza. Noutro dia eu e as minhas meninas
queríamos ir à Praia Vermelha, eu na direção do carro. Depois de me perder duas
vezes tentando achar o caminho chegamos à Ipanema. Ah, tudo bem, é praia
também.
Ter
mãe transtornada é assim, não existe essa coisa de querer ir a algum lugar, a
gente chega onde consegue chegar. Nunca sei a diferença entre esquerda e
direita, iPod e iPad e assim por diante. Eu sempre esqueço o nome de coisas
muito simples:
_
Como é mesmo o nome daquele negócio que a gente joga o macarrão depois que fica
pronto?
_ Escorredor de macarrão, mãe!
_ É isso! Obrigada, querida. Pega pra mamãe, por
favor.
Um
dia perdi a Beatriz na praça. Tinha uma apresentação circense e paramos para
ver, ela tinha pouco mais de um metro e eu podia vê-la na minha frente com
minha visão periférica enquanto conversava com minha cunhada. De repente não
mais a vi. Comecei a gritar e correr pela praça, mobilizei toda a família em
busca da criança. Roubei a cena: os espectadores do circo já me olhavam
querendo saber o que estava acontecendo. Até que alguém disse:
_ A menina está
aqui!
_ Onde?
Onde!?!
No mesmo lugar em que eu a deixei, ela apenas havia se sentado, e continuava
entretida com a apresentação.
Mas
o pior foi o dia em que esqueci o nome da minha filha mais nova. Uma amiga me encontrou
na rua quando estava a caminho do pediatra para uma consulta de rotina.
_
Lindo bebê, é uma menina, não é?
_ Sim! (E disso eu não tive a menor dúvida)
_ E como é o nome dela?
Eu
olhava para a pessoa, depois para o bebê em meus braços, novamente para a
pessoa, e para o bebê... um branco em minha mente, vazio total. Desesperador.
Não conseguia lembrar o nome da pequena criatura. Só tinha uma semana em minha
vida, a anestesia ainda entorpecida minha mente, já não sabia mais o que dizer
pra mim mesma, nem que desculpas iriam me desculpar? Por fim, eu disse
constrangida:
_
Eu não me lembro!
Helena
é o seu nome, lindo nome, linda menina. Seu nome é uma canção muito especial
para mim (Helena – Byafra), embora ela goste de pensar que é a homenagem à
Helena de Tróia, a mais linda mulher já nascida no planeta em todos os tempos,
motivo de disputa entre Menelau e Páris. Então se apresenta aonde chega, a
despeito de toda essa história, com personalidade e ousadia: não sou Nena, não
sou Leninha, meu nome é HELENA.
Elas
são companheiras de viagem, lindas por dentro e por fora, as melhores. E já me
prometeram que quando a melhor idade chegar, serão minhas mães, não me perderão
na praça nem esquecerão meu nome. Que bom!