Central do Brasil, RJ 2015 |
Caridade é amar
Almoçar com o amigo Sucena é sempre
uma enorme alegria, mas também oportunidade. Sua paciência e espírito fraterno,
em longos diálogos, nos permitem pensar e repensar sobre temas às vezes
esquecidos. Num dia desses conversávamos sobre mágoa, perdão e caridade. Então
ele parou a conversa e registrou no Facebook uma de nossas conclusões, enquanto eu registrava mentalmente em forma de crônica:
Muitas vezes somos tomados de enorme
piedade daqueles que passam pelas mazelas do mundo, tecemos comentários e
opiniões a respeito disso e daquilo, conjecturando as causas e apontamos os
culpados pela desgraça do mundo. Fome, doença, injustiça, violência,
abandono...
Por cidadania ou por piedade,
empreendemos esforços no sentido de minimizar a dor do próximo. Nesse
exercício, seja qual for a motivação, nos desprendemos de nossas sobras:
abrimos mão do pesado cobertor cheirando a guardado desde o último rigoroso
inverno do Rio de Janeiro; aquela peça de roupa de quando tínhamos 20 Kg a
menos, mas finalmente nos convencemos que jamais retornaremos ao corpo da
adolescência; a toalha de banho manchada de alvejante; a panela sem cabo.
Doar o que nos sobra é excelente e
importante passo, no entanto, se refletirmos um pouco além, percebemos que
ainda é pouco diante do tanto que recebemos: amparo, abraços, o sol que se
levanta e se põe diariamente. Convictos da necessidade da evolução moral,
doamos além do que sobra, doamos nosso bem maior, o AMOR, investindo nosso
tempo e energia em favor do outro.
Mas não apenas quando tempo for
propício, afinal não somos nós quem determinamos quando e quanto o outro
necessita, é a necessidade do outro; não somos nós quem determinamos se o outro
precisa de pão ou de abraço, é a necessidade do outro.
Precisamos aprender então a doar ao
outro o que o outro precisa e quando precisa, sem esperar com isso retribuição,
recompensa ou gratidão, porque só damos um pouco daquilo que temos e daquilo
que somos. E isso sim nos fará felizes!