Conservatória (RJ) - Setembro/ 2015 |
Enquanto ele (SOLENEMENTE) a ignora, ela se derrete por inteiro. Nunca soube interpretar o silêncio alheio, não sabe o que lhe vai à cabeça, mas ela gosta das palavras e ama a racionalidade que o conduz.
E como um maquinista sábio, ele deixa que a Maria Fumaça grite, assovie, corra em trilhos; no entanto, é o maquinista, em absurda discrição, quem determina o tempo entre uma estação e outra. Ah, pobre Maria, que se julga livre e ávida, seu corpo inteiro se move alegremente na direção e velocidade que o Homem da Máquina imprime.
"Deixe as coisas acontecerem, a vida é o que é, e pronto! Não se preocupe tanto", disse ele certo dia.
E de silêncio em silêncio, entre uma palavra e outra, ela suspira aliviada ao vê-lo chegar lá na estação para mais uma viagem.
(Por Gisele Nunes)
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