sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Nas nuvens com Pedrinho

Meu carro tem nome, minha máquina de lavar e minha máquina fotográfica. Meu celular também tem nome: chama-se Pedrinho, ele é contemporâneo assim como minhas novas relações sociais. “Isso fala?” Responderia a Pedro II, grande amor da minha vida, que isto fala, envia mensagem de texto e imagem, filma, fotografa, calcula, agenda: o que diria Pedro sobre isso?

Desespero-me quando a amiga Lourdes cria mais um grupo no WhatsApp. Dia desses avisei aos amigos do grupo que eu realmente os amo, mas preciso abandoná-los, pois a bateria do meu celular deve durar até que eu pague a última prestação do aparelho.

A relação com meu celular tornou-se tão intensa que entrei em pânico o dia em que o perdi no trabalho. Fiquei gelada só de pensar na possibilidade de viver sem Pedrinho: TRAVEI. Uma amiga, vendo o meu desespero perguntou se eu já havia enviado as informações armazenadas para a “nuvem”, não enviei nada porque ainda não havia aprendido chegar às nuvens, devo ter pulado algum capítulo na modernidade.

Imagine só: meu namorado virtual me chamaria no WhatsApp e eu não receberia as suas mensagens até que providenciasse um novo aparelho e outro chip, isso poderia demorar dias. Meu bem era muito reservado, morava dentro do meu celular e jamais saiu lá de dentro, nem pra me encontrar. Seria o fim de algo que nem mesmo começou. Nosso frágil relacionamento não suportaria dias sem uma mensagem ou um sinal de fumaça. A essa altura já pensava em apelar para o bom e velho e-mail.

Enfim encontrei Pedrinho na estante da minha sala de trabalho (ufa!), mas o meu namorado virtual nunca mais me enviou nenhuma mensagem, foi embora sem dizer adeus: dust in the wind. Quanto ao namorado virtual eu jamais saberei, mas Pedrinho me ama, com certeza!


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