domingo, 2 de abril de 2017

REALEJO

Praça Santana - Piraí RJ (2015)

Não, não tive sorte no amor. Todo tipo de sorte eu tive: tenho bons amigos, a boca cheia de dentes, dinheiro para o necessário... Mas amor: não tive. Tive um, dois talvez, mas perdi. 

Não posso reclamar da vida, não tenho esse direito. 

Passo pela porta do cinema, nem ligo, olho para o outro lado, me faço de distraído. Passo pela praça e nem vejo enamorarem-se os casais, só vejo as pedras do caminho.

Não me atrevo dar trela pra gorducha, nem pra magrela. Mal enfadado é pior que desacompanhado. Não quero o traste do espinho, tenho medo que me pelo de trairagem e desafeto. Uma hora diz que quer, outra hora não quer mais: tá doido, sô!

Peito ardido? Sei como se cura não!

Vivo só, e daí? Vivo comigo mesmo. Vou caminhando, desse jeito. Finjo que nem quero; precisar, ah, eu nem preciso! Mas o diacho é que às vezes me distraio de verdade e meu peito reclama o vazio! Sai pensamento torto, sai daqui, por favor!

Enrolo o fumo, enrolo o tempo, vou vivendo bestamente. Besteira mesmo é essa mania que a gente tem de viver em par! Já larguei dessa ideia, e faz tempo que larguei.


Por: Gisele Nunes 
(Agradecida!)

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